5 Sinais de Alerta em Pintas Que Dermatologistas InvestigamJair Bolsonaro tem 'nevo melanocítico' e pede autorização de Alexandre de Moraes para procedimento na pele; dermatologista explica

5 Sinais de Alerta em Pintas Que Dermatologistas Investigam

Comuns em quase todas as pessoas, as pintas e sinais que marcam nossa pele são, na maioria das vezes, lesões benignas conhecidas tecnicamente como nevos melanocíticos. Eles surgem da proliferação de melanócitos, as células responsáveis por produzir melanina, o pigmento que dá cor à pele. Embora inofensivos em sua grande maioria, a importância de monitorá-los é um consenso na dermatologia, pois representam um ponto de atenção crucial na prevenção do melanoma, a forma mais agressiva de câncer de pele. A relevância do tema ganhou destaque recentemente na mídia, como no caso do ex-presidente Jair Bolsonaro, que precisou de autorização judicial para a remoção de um ‘nevo melanocítico’, ilustrando como o cuidado com essas lesões é um assunto de saúde pública e pessoal.

Um adulto jovem pode ter, em média, de 10 a 40 nevos espalhados pelo corpo, e a chave para a segurança está na vigilância. Qualquer alteração em tamanho, formato, cor ou textura deve ser um sinal de alerta para procurar um especialista. É fundamental que qualquer avaliação seja conduzida por um profissional qualificado. Em uma clínica de dermatologia especializada, o médico utilizará ferramentas como a dermatoscopia para analisar as características da lesão de forma não invasiva, diferenciando um nevo benigno de uma lesão suspeita que necessita de investigação aprofundada. O acompanhamento regular é a principal arma para a detecção precoce de qualquer malignidade.

O Que é um Nevo Melanocítico e Por Que Ele Merece Sua Atenção?

Um nevo melanocítico, popularmente chamado de pinta ou sinal, é essencialmente um agrupamento benigno de melanócitos na pele. Sua origem pode ser congênita (presente desde o nascimento) ou adquirida ao longo da vida, sendo a exposição solar e a predisposição genética os principais fatores que influenciam seu aparecimento e evolução. A grande maioria dessas lesões permanecerá estável e inofensiva por toda a vida. No entanto, uma pequena porcentagem, especialmente os chamados nevos atípicos (ou displásicos), possui um risco aumentado de se transformar em melanoma.

Cientificamente, os nevos são classificados com base em sua localização na pele: juncionais (na junção entre a epiderme e a derme), compostos (na junção e na derme) e intradérmicos (apenas na derme). Essa classificação ajuda o dermatologista a entender a natureza da lesão. O ponto central para o paciente, contudo, não é a classificação, mas a estabilidade. Um nevo que não muda é geralmente um nevo seguro. A preocupação surge quando ele começa a apresentar alterações, seguindo um padrão que os dermatologologistas consolidaram em um guia prático conhecido como a regra do ABCDE.

A Regra do ABCDE: Seu Guia Prático para o Autoexame

O autoexame mensal da pele é uma recomendação unânime entre os dermatologistas para a detecção precoce do câncer de pele. Para guiar essa avaliação, a regra do ABCDE é uma ferramenta simples e poderosa que ajuda a identificar sinais de alerta em pintas e sinais. Ao analisar seus nevos, procure por estas características:

  • A de Assimetria: Imagine dividir a pinta ao meio. Se os dois lados não forem iguais, ou seja, se ela for assimétrica, merece atenção. Nevos benignos costumam ser simétricos.
  • B de Bordas: Bordas irregulares, serrilhadas, mal definidas ou com contornos interrompidos são um sinal de alerta. Lesões benignas geralmente têm bordas lisas e regulares.
  • C de Coloração: A presença de múltiplas cores na mesma lesão (como tons de marrom, preto, vermelho, branco ou azul) é uma característica suspeita. Nevos comuns costumam ter uma única cor uniforme.
  • D de Diâmetro: Lesões com diâmetro superior a 6 milímetros (aproximadamente o tamanho da borracha de um lápis) devem ser monitoradas com mais cuidado, embora melanomas possam ser menores.
  • E de Evolução: Esta é talvez a regra mais importante. Qualquer mudança em um nevo existente – seja no tamanho, na forma, na cor, na elevação ou o surgimento de sintomas como coceira, sangramento ou formação de crosta – é um motivo claro para procurar avaliação médica imediata.

Utilizar a regra do ABCDE não substitui a consulta dermatológica, mas capacita o paciente a ser um agente ativo na sua própria saúde, identificando precocemente quais lesões precisam de uma análise profissional.

Diagnóstico e Acompanhamento: O Papel da Tecnologia na Dermatologia Moderna

A era da dermatologia digital transformou radicalmente a forma como os nevos melanocíticos são diagnosticados e monitorados. O que antes dependia apenas da observação a olho nu evoluiu para um arsenal tecnológico que aumenta a precisão e a segurança do paciente. A principal ferramenta nesse cenário é a dermatoscopia, um exame no qual o dermatologista utiliza um aparelho chamado dermatoscópio para visualizar as estruturas da pele em alta magnificação, permitindo uma análise detalhada dos padrões da lesão.

Para pacientes com múltiplos nevos ou com histórico de risco, o mapeamento corporal total é um procedimento de ponta. Nessa técnica, fotografias de alta resolução de todo o corpo são tiradas e armazenadas digitalmente. Em seguida, os nevos mais relevantes são registrados individualmente com a dermatoscopia digital. Em consultas subsequentes, o software compara as imagens atuais com as anteriores, detectando qualquer mínima alteração, o que possibilita um diagnóstico extremamente precoce de melanoma. Tecnologias emergentes, que integram inteligência artificial (IA) aos softwares de dermatoscopia, já auxiliam os médicos na análise, sugerindo a probabilidade de malignidade com base em vastos bancos de dados de imagens.

Essa evolução impulsiona o mercado dermatológico, com uma crescente demanda por monitoramento digital e teledermatologia. Clínicas de referência no Brasil, alinhadas às diretrizes da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), já oferecem esses protocolos avançados, garantindo um acompanhamento preciso e personalizado para cada paciente.

Quando a Remoção é Indicada? Tratamentos e Recuperação

A decisão de remover um nevo melanocítico depende de uma avaliação criteriosa. Para nevos benignos, estáveis e assintomáticos, a conduta mais comum é o acompanhamento clínico e dermatoscópico em intervalos definidos pelo médico, que podem variar de três meses a um ano, dependendo do risco individual do paciente. A remoção profilática de todos os nevos não é recomendada nem prática.

A indicação para remoção cirúrgica ocorre em três situações principais:

  1. Suspeita de Malignidade: Se um nevo apresenta características do ABCDE ou levanta qualquer suspeita durante a dermatoscopia.
  2. Desconforto Físico: Quando o nevo está localizado em uma área de atrito constante (como na linha do sutiã, cinto ou colarinho), causando irritação, dor ou sangramento.
  3. Razões Estéticas: Se o paciente se sente incomodado com a aparência do nevo.

O procedimento padrão para nevos suspeitos é a biópsia excisional. Nessa técnica, o cirurgião dermatológico remove a lesão inteira com uma pequena margem de pele saudável ao redor. O material é então enviado para exame histopatológico, que é o único método capaz de confirmar com 100% de certeza a natureza da lesão (benigna ou maligna). A remoção é geralmente realizada em consultório, sob anestesia local. A recuperação é rápida, com a cicatrização da pele ocorrendo em um período de 7 a 14 dias. A satisfação dos pacientes com os resultados estéticos costuma ser alta, desde que os cuidados pós-operatórios, como evitar exposição solar no local, sejam seguidos rigorosamente para prevenir cicatrizes inadequadas ou hiperpigmentação.

Prevenção, Cuidados Complementares e Novidades em Cosmecêuticos

Cuidar da pele vai muito além de apenas monitorar as pintas existentes. A prevenção é a base de uma pele saudável e a principal estratégia para reduzir o risco de desenvolver novas lesões e, mais importante, o câncer de pele. A principal recomendação é a fotoproteção diária e consistente. O uso de um protetor solar de amplo espectro, com FPS 30 ou superior, em todas as áreas expostas do corpo, é inegociável, mesmo em dias nublados. Além disso, é crucial evitar a exposição solar intensa, especialmente no período entre 10h e 16h, e utilizar barreiras físicas como chapéus, óculos de sol e roupas com proteção UV.

Os cuidados podem ser potencializados com o uso de cosmecêuticos. O mercado de dermocosméticos tem apresentado novidades relevantes que atuam como coadjuvantes na saúde da pele. Produtos que contêm antioxidantes, como Vitamina C, Vitamina E e Resveratrol, ajudam a neutralizar os radicais livres gerados pela radiação UV, diminuindo o dano celular. Ativos como a niacinamida fortalecem a barreira cutânea, enquanto o retinol pode auxiliar na renovação celular e na uniformização do tom da pele. Manter a pele bem hidratada também é fundamental para preservar sua integridade e função de barreira. Esses cuidados complementares, associados às consultas dermatológicas regulares, criam um ecossistema de proteção completo para sua pele.

Recomendações dos Especialistas do SKIN TODAY

  1. Adote o Autoexame Mensal: Familiarize-se com a sua pele. Use a regra do ABCDE para verificar todas as suas pintas e sinais. Um espelho de corpo inteiro e um espelho de mão podem ajudar a checar áreas de difícil visualização, como as costas e o couro cabeludo.
  2. Agende Consultas Dermatológicas Regulares: Não espere uma lesão mudar para procurar um médico. Uma consulta anual com dermatoscopia é a melhor forma de prevenção e monitoramento profissional, especialmente se você tem muitos nevos, pele clara ou histórico familiar de câncer de pele.
  3. Faça da Fotoproteção um Hábito Inegociável: O protetor solar não é apenas para a praia ou piscina. Ele deve ser parte da sua rotina diária, assim como escovar os dentes. Reaplique a cada duas horas em caso de exposição prolongada, suor excessivo ou contato com a água.

A mensagem mais importante que podemos transmitir é que a vigilância e a tecnologia andam de mãos dadas. Um nevo que muda não é motivo para pânico, mas sim um chamado para a ação: a avaliação dermatológica. O diagnóstico precoce do melanoma, quando ele surge de um nevo, pode significar a diferença entre um procedimento simples e um tratamento complexo. Sua pele tem memória, e cuidá-la é um ato de saúde preventiva.

Fontes de referência e consulta: Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), American Academy of Dermatology (AAD), Tuasaude.com, e publicações científicas sobre dermatoscopia e melanoma.

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